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Integrante da exposição permanente Arte Ponto Vital, o artista Miguel Afa (@miguel.afa ) realizou entre os dias 2 e 8 de março de 2021 a pintura do mural “Olha Quantos Estão Comigo, Estão Sozinhos, Estão Fingindo que Estão Sozinhos para Poder Estar Comigo”, no qual sintetiza e correlaciona o trabalho de Arthur Bispo do Rosario e Stella do Patrocínio.
Afa, como é mais conhecido, iniciou-se no universo das artes em 2001, na comunidade do Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro. Na estética visual de suas obras, contrasta imersões técnicas e poéticas através das muitas simbologias e signos que cria. No mural, seu objetivo foi unir essas ideias no mesmo espaço físico e geográfico em que viveram os artistas retratados. Buscou também entender suas inspirações e “como seus trabalhos foram uma das maneiras que desenvolveram para resistir: seja Stella, por meio das palavras, seja Bispo, nessa incessante produção”.
Localizado na lateral direita do edifício-sede do Museu Bispo do Rosario, o mural de aproximadamente 9 metros de altura e 20 metros de largura foi pintado utilizando tinta acrílica para piso branca, preta, vermelha, azul e amarela, sendo as demais cores originadas a partir da misturas destas. Durante a realização, Afa contou com a utilização de uma plataforma elevatória e a colaboração dos ajudantes Onni Almaversada (@onomenaoimporta ) e Jackson Souto (@mc_jk_ofc ).
O artista define as linhas que atravessam todo o mural como “uma analogia aos mapas” e chama-as de mapas da memória, caminhos que diferentes indivíduos percorrem:
“Cada mapa daquele torna-se uma analogia que, de alguma forma, permite a representatividade de outras pessoas que não estão ali através da figura humana, mas estão através dos seus caminhos, de uma forma lúdica e subjetiva. Penso em quantas Stellas e quantos Bispos passaram por ali e não tiveram a mesma visibilidade e o mesmo destaque que eles tiveram a oportunidade de ter”, e complementa: “quando eu pensei no mural, quis trazer essa narrativa de representatividade de muitos, de aglomeração, de estar muitas pessoas e de representar muitas pessoas”.
A intenção de usar como título do trabalho uma frase extraída dos falatórios de Stella do Patrocínio surgiu, segundo o artista, “porque quando eu a leio, trago a ideia de aglomeração de maneira ambígua: esses ‘muitos’ podem ser muitos dela mesma, de acordo com uma confusão de pensamentos, e também ‘muitos’ no sentido de enxergar muitas pessoas e de se ver como um centro a partir de uma determinada perspectiva”.
“Essas duas pessoas são de alguma forma uma vitrine. Por detrás deles, a gente consegue enxergar muitas outras pessoas, uma estrutura muito mais complexa. A proposta do painel é essa”
Miguel Afa.
