Antônio Pedro Bragança, preto, solteiro, nasceu em 13 de maio de 1904, em Pernambuco. Sua mãe faleceu de tuberculose, deixando órfãos ele e mais quatro irmãos, três dos quais morreram muito novos. Após isso, deixou seu estado natal, migrando para o Rio de Janeiro.
Na então Capital Federal, trabalhou como pintor de paredes e, eventualmente, como marceneiro. Em seu trabalho de pintura, especializou-se em temas religiosos, realizando também diversos murais para bares e restaurantes. Durante cinco anos, esteve internado no Abrigo Cristo Redentor, de onde foi expulso após brigar com um guarda. Logo seria preso pela polícia e encaminhado ao Hospital da Praia Vermelha, iniciando aí uma trajetória manicomial que levaria à sua internação em 18 de outubro de 1949 na Colônia Juliano Moreira, instituição considerada o fim da linha para um grande número de pacientes psiquiátricos.
Na Colônia, fez parte de um ateliê de pintura denominado Colmeia de Pintores, parte das atividades praxiterápicas oferecidas pela instituição. Considerado um sujeito com inteligência acima da média, suas pinturas foram consideradas pelos médicos que as observaram como extremamente críticas. Segundo estes, Bragança as utilizava como armas para expressar sua revolta. No panfleto de uma exposição realizada em 1950 na Colônia Juliano Moreira assim seu trabalho era descrito: “os seus temas são, na grande maioria sociais, sublinhando claramente, ou de maneira simbólica, o caricato e o ridículo dos preconceitos, dos costumes e as diferenças de classe e cor”.
Viveu no internamento até sua morte, em 21 de dezembro de 1967. Cerca de 20 de suas pinturas hoje fazem parte do acervo do Museu Bispo do Rosario.