Arthur Bispo do Rosario nasceu na primeira década do século XX em Japaratuba, Sergipe, embora diferentes documentos apresentem datas e locais divergentes. Sua juventude permanece pouco documentada, mas sabe-se que ingressou na Escola de Aprendizes de Marinheiros em 1925, servindo na Marinha e tornando-se sinaleiro. Nesse período, também iniciou uma breve carreira como boxeador, ganhando destaque na imprensa até ser interrompida por um grave acidente de trabalho em 1936. Nesse período, aproximou-se da família Leone, para quem passou a prestar serviços.

Em dezembro de 1938, viveu o episódio místico que marcaria sua trajetória: declarou-se enviado divino e foi internado no Hospício Nacional de Alienados, sendo posteriormente transferido para a Colônia Juliano Moreira, onde passaria grande parte da vida. Entre internações, retornos e breves períodos fora das instituições psiquiátricas, Bispo produziu uma obra vasta em diálogo com seu cotidiano, memórias, deslocamentos e relações. Seu trabalho incorpora nomes, trajetos, objetos, mapas e estruturas institucionais, compondo um universo próprio que mistura autobiografia, cartografia e reinvenção simbólica.

A partir dos anos 1940, Bispo aparece em reportagens e fotografias, tornando-se figura de fascínio para jornalistas, embora sua produção ainda não fosse reconhecida como arte naquele período. Após uma fuga em 1954, viveu anos realizando diversos trabalhos informais e circulando por diferentes contextos até retornar definitivamente à Colônia em meados dos anos 1960, onde consolidou sua produção. Sua obra, marcada pela relação indissociável entre vida e criação, tornou-se referência central na arte brasileira, motivando pesquisas, exposições e projetos que, mesmo após sua morte, continuam a ampliar a compreensão sobre sua trajetória.