Catálogo Raisonné Arthur Bispo do Rosario

  • Jornal Diário carioca 12 de agosto de 1945.

Uma reportagem sobre o Centro Psiquiátrico Nacional publicada no jornal Diário carioca em 12 de agosto traz, entre muitas informações e curiosidades sobre a instituição, um relato da produção artística de um paciente. Acompanhado do diretor, doutor Odilon Gallotti, o jornalista é levado à presença de um interno conhecido como “Bispo”, que desenhava sobre uma grande mesa “paisagens, aspectos do próprio hospital”. Esse tipo de imagem está muito presente na produção do artista, marcada pela representação do universo ao seu redor. A ocupação dos pacientes com atividades de desenho era uma entre tantas práticas ligadas à praxiterapia incentivadas nos hospitais psiquiátricos naquele momento.

 

Após ser presa no governo Vargas e ficar anos afastada do serviço público, Nise da Silveira retornou à função de médica psiquiatra no Centro Psiquiátrico Nacional em 17 de abril de 1944 e assumiu a coordenação da Seção de Terapêutica Ocupacional e Reabilitação em maio de 1946, espaço que, entre outras oficinas, abrigou um ateliê de pintura e modelagem. Apesar de Bispo do Rosario e Nise da Silveira terem passado pelo hospital de Engenho de Dentro no mesmo ano, não há registros de que eles tenham se encontrado, nem de que ele tenha frequentado o ateliê – que, posteriormente, daria origem ao Museu de Imagens do Inconsciente.  

 

O doutor Odilon Gallotti era um velho conhecido do artista, ainda dos tempos da Praia Vermelha, como deixa revelar uma de suas vitrines-fichário:

ODLON GALLOTE DE JESUS MEDICO PSIQUIATRA HOSPITAL PRAIA VERMELHA AVENIDA PASTEUR

Apesar de provavelmente não terem se conhecido pessoalmente, Bispo tinha consciência da existência de Nise da Silveira. No Manto da apresentação e em uma de suas vitrines-fichário, o nome da psiquiatra rebelde que libertou os loucos por meio da arte aparece eternizado: 

ANISSE – DA – SILVEIRA – MEDICA

 

 

Voltar à Cronobiografia